Alberto Mussa é dessas minhas descobertas recentes e que não sabia bem explicar porque gostei tanto. Li em uma sentada “A Primeira História do Mundo” depois de ver uma entrevista com ao autor, não soube bem definir o que tinha lido só que tinha gostado. Em “Contos Completos” Mussa continuou me encantando e me fez entender um pouco mais do porquê desse encantamento.
Mussa começa o livro avisando que no livro reescreveu textos antigos, que um de seus livros está todo contido nas páginas, que aglutinou textos, enfim que reuniu ali uma obra que mesmo não sendo original é inédita. Só isso já me fez começar a ler com uma certa boa vontade, me deu a impressão de que o autor não queria apresentar o leitor apenas uma compilação de escritos e sim algo diferente. Os contos estão divididos em quatro grandes blocos e todos são ótimos.
Os temas são variados e mesmo assim sua unidade é nítida, falam sempre dessa mistura que deu o brasileiro, seja um conto sobre uma entidade que surge em um terreiro ou sobre um assalto depois da saída de uma peça, estamos lá retratados. O que me encanta e que só realizei ao ler esse livro é que Mussa tem como personagens pessoas que passam mais como coadjuvantes do que como protagonistas, são os escravos, os índios, os mais pobres, as conversas de botequim. São esse personagens que constroem seus contos e com um adendo que é bem esquecido e que acho super importante: a influencia árabe.
Adoro um bom livro de contos, diferente do que faço com bons romances que devoro rapidamente, com os contos leio aos poucos, degustando cada historia, pra mim é uma leitura mais lenta que vou digerindo aos poucos, são historias que eu vou relacionando uma com as outras, enfim que vão construindo um panorama maior do escritor. Nesse caso aqui um panorama de que eu gosto cada vez mais. “Contos Completos” vale cada página, cada história.
Cheiro de Livro 